Quem admira artistas como a atriz Sarah Jessica Parker, a modelo Alessandra Ambrósio e os cantores Lenny Kravitz e Bebel Gilberto não imagina que a responsável pelos seus sorrisos é uma dentista brasileira. Mas antes de se tornar sócia de um consultório na Quinta Avenida, em frente ao Central Park, um dos pontos mais nobres de Nova York, a paranaense Kellen Mori percorreu um longo caminho.
Recém formada em Odontologia pela Universidade Estadual do Paraná, Kellen desembarcou em Nova York em 1992 com planos de passar uma temporada de seis meses para aprender inglês. Os caminhos da dentista e de seu atual sócio, Jonathan Levine, se cruzaram quando a jovem, cansada de trabalhar como babá, viu um anúncio de vagas para assistente odontológico. Embora não tivesse os documentos necessários na época, Kellen conseguiu trabalhar por alguns meses até decidir voltar para o Brasil. Mas Levine insistiu para que ela ficasse e resolveu bancar seu visto de trabalho.
“Eu pagava a ele de volta toda semana. Eu tinha um livrinho e eu escrevia ‘cem dólares’, ‘cinquenta dólares’… Ele foi um anjo que caiu na minha vida'”, diz Kellen.
Depois de sete anos como assistente e de olho no aprimoramento profissional, Kellen voltou a estudar e passou em um programa de odontologia da New York University (NYU), uma das mais conceituadas dos EUA. “Não existe uma revalidação do teu diploma, você tem que fazer a faculdade novamente”, afirma.
Mas a prática adquirida durante a graduação na Universidade Estadual do Paraná, onde Kellen realizou mais de 30 tratamentos de canal, representou uma vantagem na jornada. “No Brasil, o cirurgião dentista se forma sabendo muito mais do que um cirurgião dentista nos Estados Unidos. Acho que pelo fato de muitas faculdades atenderem os pacientes de graça, você tem muita prática”, comparou.
A regulamentação da profissão foi outro desafio. Enquanto no Brasil o registro e a autorização para atuar como dentista valem em todo o território nacional, nos Estados Unidos cada estado da federação tem conselhos locais. “Para obter o registro local, o profissional deve se submeter a uma prova. “Eu reprovei quatro vezes porque o meu inglês não era bom, eu tive que aprender todos os termos específicos”, disse.
Hoje, após muita persistência, Kellen Mori é uma das brasileiras que moram em Nova York trabalhando com uma das marcas do que o Brasil tem de melhor: o sorriso.
(via: Estadão)