“Hoje, 90% dos meus pacientes vêm ao consultório através da minha rede social”, afirma o cirurgião-dentista Fernando Yamamoto Izutani
Elas estão por todas as partes. As propagandas de dentistas oferecendo orçamento sem compromisso, precinho que cabe no bolso ou mesmo mostrando imagens de “antes e depois” do tratamento invadem a cidade, mas nem sempre funcionam e são aceitáveis do ponto de vista ético.
Para se ter uma ideia, essa publicidade irregular representa quase que 80% de uma média de 130 processos éticos instaurados anualmente no Conselho Regional de Odontologia (CRO) do Paraná. E toda essa corrida por novos pacientes é um reflexo da competitividade do mercado.
Atualmente o número de cirurgiões-dentistas em atividade no Estado é de aproximadamente 17 mil, sendo 2.200 somente em Londrina e região. Uma demanda que levou o publicitário e consultor em marketing Marcos Ferreira a enxergar um nicho de mercado importante.
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Ele criou um curso na área de marketing digital, sua especialidade, direcionado a um público exclusivo: os dentistas. “Percebi na cidade uma carência em empreendedorismo e marketing com foco digital, mesmo sendo um mercado em ascensão. Os profissionais precisam começar a entender e trabalhar com essas ferramentas. Como eu já tinha experiência com consultórios odontológicos, muitos dentistas começaram a me procurar”, conta.
Hoje, Ferreira contabiliza mais de mil profissionais que já se interessaram pelo curso “Facebook para Dentistas”, um método de aulas online com mais de 10 horas gravadas. “Atualmente, são 110 alunos matriculados, motivados a criar suas próprias campanhas nessa rede social”, diz.
De acordo com ele, as principais dúvidas envolvem conteúdos que podem ou não ser publicados, considerando o Código de Ética Odontológica (Resolução CFO 118-2012) e a Lei Federal 5.081/66, que estabelecem normas quanto a maneira de realizar a publicidade, seja ela em qualquer meio de comunicação, incluindo as redes sociais.
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O procurador jurídico do CRO/PR, Alexandre Mazzetto, comenta que entre as infrações ligadas à publicidade irregular, que contrariam a ética profissional, estão os anúncios de preços, descontos, parcelamentos e gratuidade de serviços odontológicos, imagens de antes e depois de tratamento, assim como oferta de prêmios e brindes. “Vale destacar que expressões como ‘orçamento sem compromisso’, ‘condições especiais’ e ‘precinho que cabe no seu bolso’ são consideradas irregulares”, comenta Mazzetto, ressaltando que as penas disciplinares envolvem desde advertência confidencial, censura confidencial, censura pública, suspensão do exercício profissional por até 30 dias e cassação do exercício profissional, além de multa que pode variar de uma a 25 anuidades.
Ainda segundo o procurador jurídico, a fiscalização exercida através de auditores fiscais de cada conselho emite por ano uma média de 400 Termos de Notificação por irregularidades constatadas no Paraná, sendo que denúncias de pacientes é de aproximadamente 150 por ano.